sábado, 11 de setembro de 2010

LEITURA DE IMAGENS

Já que o assunto nesse blog é tão ligado a imagem, segue um artigo para melhor compreensão de leitura e os tipos de imagens existentes:

LEITURA DE IMAGENS

Há dois níveis de leitura da imagem: o da denotação e o da conotação. O primeiro atende à simples descrição ou enumeração dos seus elementos; o segundo é de cariz subjectivo, e depende do contexto, da intencionalidade ou intencionalidades com que é utilizada e das possíveis sugestões que a interpretação da imagem veicula. Na leitura da imagem são mobilizadas não apenas cognitivas e culturais, mas também as afectivas ou de sensibilidade, ou mesmo psicomotoras. Para a concretização dessa leitura é necessário atender:
• à percepção do que a imagem representa, tendo em conta o seu assunto e projecção da forma de ser e de pensar do leitor;
• à identificação dos elementos que a compõem (vivos, móveis e estáveis);
• à interpretação do que significa, atendendo ao seu poder evocativo e simbólico.

PERCEPÇÃO
Assunto
• A realidade imediata representada (personagens, cenários, objectos, formas, linhas…).
• O tema, o motivo e as aparências.
• O que o primeiro contacto sensorial revela do que está representado.
• O tipo de imagem.
• De acordo com o suporte (tela, papel, tapeçaria, cerâmica, meio digital, paredes…) ou a técnica (óleo, aguarela, guache, carvão, digitalização…).

IDENTIFICAÇÃO
A composição
• Representação do espaço e da luz através:
􀂙da compartimentação (usada na Idade Média);
􀂙de linhas e pontos de fuga (que criam um efeito de perspectiva e de profundidade);
􀂙da cor e dos seus diversos matizes ou reflexos.

• Representação do movimento através das reacções entre a luz e as formas…
• Os elementos morfológicos: pontos, textura, linhas horizontais, verticais, curvas e oblíquas, as formas geométricas…

As cores
• Cores primárias (indecomponíveis): vermelho, amarelo, azul;

Cores secundárias (formadas por duas cores primárias em partes iguais): verde, laranja e violeta.
Cores terciárias ou mistas (intermediária entre uma secundária e uma primária): as restantes.
• Cores quentes: vermelho, laranja, amarelo.
• Cores frias: azul, anil, violeta.
• Cor neutra: verde.
Ficha de apoio – leitura de imagem
INTERPRETAÇÃO
Polissemia (vários sentidos)
• Os diversos temas e mundos sugeridos pelas mensagens.
• Relações com o cultural e civilizacional; a formação do leitor.
• Valores que afirmam (do passado, do presente ou de projecção do futuro) e estados de alma que representam (beleza, tristeza, depressão, angústia, euforia…).
• Valor utilitário – interesse comercial, didáctico, documental, narrativo de uma realidade actual, publicitário…
• O sentido das cores: a representação do real; a tradução de estados de alma.

Branco – síntese de todas as cores, simboliza a pureza de alma; é a cor da paz e da perfeição. Pode simbolizar a candura e a claridade mas, ao mesmo tempo, a palidez, a frieza e a esterilidade. Preto – cor que absorve as demais, é símbolo da escuridão, da interrupção da vida, do sofrimento, da dor, do silêncio, do abismo, do medo. Vermelho – cor do fogo, do perigo, da paixão; símbolo da coragem, da vitalidade; cor da felicidade (no Oriente). Laranja – cor do aconchego e do bem-estar. Símbolo do optimismo e da generosidade. Representa o equilíbrio entre a sexualidade e o espírito. Amarelo – cor do sol, da luz, símbolo de riqueza e de alegria. Verde – símbolo do equilíbrio. Relaciona-se com a natureza – princípio e fim de tudo. Símbolo da esperança, da juventude, da prosperidade. Azul – cor da purificação e da busca da verdade interior. É a cor do mar e do céu. Pode exprimir distanciamento e aproximação. Simboliza serenidade, harmonia, amor e fidelidade. Anil – cor da espiritualidade em sintonia com a matéria; remete para a racionalidade; exprime reserva e introversão. Simboliza, como o azul, fidelidade. Violeta – cor da alquimia e da magia; cor da espiritualidade, da intuição e da inspiração; cor de energia cósmica, é símbolo da transformação e profundidade. Rosa – combinação da pureza do branco com a força do vermelho, é o símbolo do amor e do coração. Castanho – representa a estabilidade, a terra, a solidez.
Função
Na sociedade actual, a palavra não só aparece muito ligada à imagem, como, em certos momentos, parece servir-se daquela. Os meios de comunicação social têm vindo a criar uma civilização da imagem.
As imagens possuem um enorme potencial graças à sua linguagem, que pode ser entendida em qualquer parte. Com a globalização, que a tecnologia tem favorecido e incentivado, há um sistema de produção industrial de informação e publicidade centrado na imagem, que procura, por um lado, apresentar os acontecimentos e informar, mas, por outro lado, seduzir, argumentar e convencer. Por ser polissémica, a imagem pode ter várias funções de acordo com as diversas interpretações:
• Função informativa (ou referencial) – a imagem fornece informações concretas sobre acontecimentos e elementos da realidade. É testemunha dessa realidade, como sucede com os retratos e as fotos das reportagens, na comunicação social; ou pode apresentar um universo imaginário, como acontece com as pinturas ou as imagens de ficção.

- Há quem prefira falar de função representativa, uma vez que a imagem imita uma realidade, tentando mostrá-la o mais objectivamente possível, como na arte figurativa.
• Função explicativa – a imagem tem por objectivo explicar a realidade através de sobreposição de dados. É isto que acontece nas ilustrações que ajudam a explicar

2 Ficha de apoio – leitura de imagem

os textos ou em diagramas que ajudam a explicar graficamente um processo ou uma relação.

- Pode ser designada por função descritiva – a imagem contribui para apresentar em detalhe a realidade (pessoa, paisagem…). Enquanto as funções informativa e representativa são sintéticas, as funções descritiva e explicativa são analíticas.
• Função argumentativa – a imagem procura influenciar comportamentos, persuadir, convencer, tornando-se um importante instrumento na publicidade e na propaganda.

- Ao centrar-se no receptor e ao ter a intenção de o influenciar, esta função junta-se à função conativa ou apelativa da linguagem, que tenta exortar, suscitar ou provocar estímulos, promover, mudar comportamentos.
• Função crítica – a imagem não apenas informa, mas procura desvendar e denunciar situações. Tanto pode ser apenas desveladora de uma realidade ou processo, apontando caminhos, como acusadora para alertar consciências. As caricaturas e desenhos humorísticos privilegiam esta função crítica.
• Função estética – a imagem visa a satisfação e o prazer do belo, valorizando as repetições, alternâncias ou contrastes dos elementos que a configuram como as linhas, as formas, a cor, a luz…
• Função simbólica – a imagem orienta-se para significados sobrepostos à própria realidade (como acontece com bandeiras, imagens convencionais como o coração com uma flecha…).

De outras diversas funções, que normalmente se combinam entre si, podemos ainda destacar:
• Função narrativa – a imagem conta ou sugere histórias, cenas, acções (como sucede em frescos, bandas desenhadas, filmes…).
• Função expressiva – a imagem revela sentimentos, emoções e valores do próprio autor ou daquilo que representa (expressões faciais, posturas do corpo, perspectivas de enquadramento, jogos de luz, relação com o cenário…).
• Função lúdica – a imagem orienta-se para o jogo, o entretenimento, incluindo o humor, a caricatura…
• Função metalinguística – a imagem interessa-se pelo código visual, como sucede com a utilização de modelos para representar algo ou os auto-retratos a pintar.


in Preparação para o Exame Nacional 2006, 12º ano, Porto Editora

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